“O que reside atrás de nós e o que reside à nossa frente são de minúscula importância comparados ao que reside dentro de nós.”
– Oliver Wendell Holmes
Nós humanos parecemos seres complexos, difíceis de entender: ora estamos bem e felizes, ora parecemos nos sentir tristes ou insatisfeitos. Nossa autoestima oscila de acordo com as situações e principalmente em como nós nos sentimos diante de cada uma delas. Além dessas constantes oscilações, há pessoas que parecem ser mais seguras de si, mais estáveis emocionalmente enquanto outras parecem se perder, se desesperar quando algo acontece.
Ter controle sobre nossas emoções está ligado a ter um grau de autoconhecimento. Portanto, pergunte-se: O quanto você se conhece? Muito? Pouco? A verdade é que a maior parte das pessoas acredita que se conhece, mas, de fato, se conhece muitíssimo pouco.
O autoconhecimento é essencial para que se desenvolva o amor por si próprio e fortaleça a autoestima. Porém, cada vez mais parece ser difícil alguém se conhecer interiormente quando sua busca está sempre no externo. As pessoas buscam cuidar da pele, mudar o corte do cabelo, comprar roupas, carros, eliminar alguns quilinhos, mas quase sempre esquecem que o caminho deve ser o contrário, de dentro para fora.
A baixa autoestima pode ser facilmente identificada quando se percebe características como: insegurança, inadequação, dificuldades de falar em público, perfeccionismo, dúvidas constantes, incerteza do que se é, sentimento vago de não ser capaz, de não conseguir realizar nada, não se permitir errar e demonstrar muita necessidade de agradar, ser aprovado e reconhecido pelo que faz e nem sempre pelo que é.
Buscar se conhecer não é uma tarefa fácil, exige tempo, paciência e humildade para reconhecer algumas características que, na grande maioria das vezes, não nos damos conta que estão presentes em nós. É cada vez maior o número de pessoas que procuram a ajuda da psicoterapia. Muitos vão em busca de um profissional psicólogo ou psicanalista porque anseiam por algum tipo de mudança que ainda não conseguem concretizar sozinhas ou mesmo não identificam.
Dividir o compromisso desta viagem rumo ao seu íntimo com o psicoterapeuta, dando-lhe o crédito de especialista, fornece ao paciente a segurança e o conforto tão necessários para iniciar esta jornada muitas vezes gratificante, mas intercalada por situações difíceis e desafiadoras.
O psicólogo é aquele que, com um olhar e uma escuta diferenciados, está preparado para acolher, guiar e acompanhar o sujeito numa estrada escura e desconhecida em busca de respostas para viver e superar uma situação de crise, desconforto, insegurança, recomeço, luto, tomada de decisão etc. A esse processo, dá-se o nome de autoconhecimento.
Aí está o primeiro passo para se alcançar o bem estar: exatamente no processo de conscientização, em que admitimos nossos entraves e dificuldades em mudarmos o que não gostamos, pois, a verdadeira mudança sempre se inicia em nós mesmos. Admitir nossas fraquezas, imperfeições é tão difícil quanto assumir responsabilidade pelo comando da nossa vida e por nossas escolhas, independentemente do quanto agrademos ou não as outras pessoas.
Neste movimento pelo autoconhecimento, o psicólogo assume, inicialmente, o papel de carregar a lanterna que clareia as encruzilhadas, as estranhezas e as belas paisagens desse percurso. Todavia, no decorrer do processo o paciente passa a adaptar a sua visão e a sua aceitação a este seu mundo nunca antes vasculhado. Com isso, passa a identificar e efetivar as mudanças que trarão a sua saúde psíquica e emocional, tornando-se capacitado, gradativamente, para manusear a lanterna, mas ainda sem abandonar a companhia do especialista.
Para quem se interessa em entrar num processo de psicoterapia, é importante ressaltar que o bom andamento do tratamento depende, entre outros fatores, da parceria de confiança e honestidade que se estabelece entre paciente e psicoterapeuta, assim como do compromisso do paciente em apropriar-se do seu processo de mudança e cura.
Por fim, devo afirmar que a busca pelo autoconhecimento é o único caminho efetivo para que a pessoa possa estar bem consigo própria, em primeiro lugar, e, a partir de então, com as outras pessoas. De tal modo, creio que grande parte do que chamamos de bem estar está associado a um processo em que a pessoa experimenta este sentido de estar bem a partir de suas próprias ações e de um maior conhecimento de si e do que almeja, honestamente, para sua própria vida.
Autor: Renne dos Santos Nunes
Psicólogo
Publicado no Itajubá Notícias em 25/05/2011
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