quarta-feira, 28 de dezembro de 2011

Mais rótulo do que diagnóstico...

A campanha da CCHR critica o exagero de diagnósticos psiquiátricos que as crianças e adolescentes recebem frequentemente na atualidade: transtornos de deficit de atenção e hiperetividade, transtorno de humor e de personalidade, fobia social e até depressão. Muitas vezes o que é visto como patologia é justamente o ponto onde a criança exerce sua singularidade e sua genialidade.

20 milhões de crianças são rotuladas com "transtornos mentais" que se baseiam unicamente em uma lista de comportamentos. Não há mapeamento cerebral, radiografias, exames genéticos ou de sangue que mostram que são doentes mentais, no entanto, à essas crianças são prescritas drogas psiquiátricas perigosas que põem em risco suas vidas.


Assista o vídeo!


sexta-feira, 9 de dezembro de 2011

A INVEJA


                                  Trecho do filme: DÚVIDA
A inveja é um sentimento que expressa um comportamento associado ao ato de dissimular, fingir, falsear e mentir. É um sentimento negativo e destrutivo. A inveja traz consigo a devastação e a catástrofe. Ao longo da história da humanidade, o ser humano aprendeu a se precaver contra ela. Cada cultura desenvolveu recursos na forma de amuletos, já que ela está associada ao “mau olhado”, à má sorte. Assim, a figa é colocada nas portas das casas ou nas roupas dos recém nascidos como forma de evitar quebranto. Surgem as benzedeiras que se utilizam de ervas como arruda; espada de São Jorge ou Santa Bárbara e a guiné para evitar esse mal. A maioria dos ritos africanos está voltada para cortar esse mal. Amuletos; plantas; defumações; danças religiosas; dentes de elefantes; metais, pulseiras e outros, são utilizados com esse fim.
Melanie Klein em seu livro “Inveja e Gratidão” classifica a “inveja como um sentimento raivoso, causado pelo fato de outra pessoa possuir e desfrutar algo desejável por mim.”
No fundo da inveja existe uma profunda baixa estima, encouraçada por um orgulho que visa a fornecer uma ilusão de onipotência. Essas pessoas se consideram as melhores, o que fazem geralmente é espetacular e acreditam que tudo o que tocam viram ouro. São pessoas normalmente classificadas como orgulhosas, arrogantes, onipotentes e... solitárias.
Inveja é diferente de cobiça. Na inveja, por exemplo, deseja-se aquilo que o outro tem e que eu admiro, mas de uma maneira muito particular: se eu tenho uma roseira bonita, o invejoso deseja a MINHA roseira, ou deseja que a roseira MORRA, para ninguém tê-la. Aquele que cobiça, deseja ter UMA roseira, mas não a minha. De uma forma geral: o invejoso deseja obter ou destruir aquilo que eu tenho de bom. Aquele que cobiça deseja algo igual ao que possuo, mas não exatamente o que possuo.
O mecanismo básico responsável pelos sentimentos do invejoso é a comparação e esta é uma forma de aprendizado muito comum em nossa sociedade. Desde pequenos ouvimos de nossos pais: “seu irmão é mais inteligente”, “fulano é mais esforçado…”. Nosso sistema de ensino é todo voltado para a competição, onde se valoriza o primeiro lugar e não as competências e realizações de cada um. Nossa sociedade é competitiva e comparativa. Logo, a inveja é sentida e apreendida por nós precocemente.
Guernica - Pablo Picasso
O sucesso de alguém passa a ser sentido para o invejoso como ofensa pessoal, pois, o comportamento exteriorizado é o da competição. Competição interna, feita consigo mesmo, no seu inconsciente. Isso gera infelicidade e tristeza que o invejoso não pode admitir. Ele precisa sempre criticar ou tirar o brilho do sucesso do outro. A inveja tem uma grande máscara que é o despeito. “Também... teve sucesso porque seu pai o ajudou... olha a família que ele tem”.
Para que se estabeleça a inveja é necessário que ocorram duas situações: não tolerar o sucesso do outro e sentir um enorme prazer pela mágoa do outro. Na inveja o alvo é o outro, mesmo que sua situação financeira e posição social sejam inferiores. Passamos a ser prisioneiros da vida do outro. Sonhamos com sua destruição... destruição essa que nos dá um prazer enorme. A destruição do outro passa a ser nossa fonte de prazer.
Chegamos ao absurdo até de invejar comportamentos desonestos, achando que vale a pena para ser bem sucedido. Isto faz uma cisão no comportamento e crescimento de nossa sociedade. A inveja torna o ser humano um grande predador em busca do TER. A crença e o sentimento de TER e fazer para que o outro não tenha, acaba causando profundas diferenças sociais que já estamos sentindo no processo de evolução da humanidade.
 
A gratidão, ao contrário da inveja, é um sentimento que permite que se tenha acesso às coisas boas do outro. Aquele que é grato reconhece no outro algo que falta em si e nem por isso tem uma baixa estima. Muito pelo contrário. Feliz aquele que sabe suas faltas e sabe buscar isso no outro, mas não de uma forma destrutiva, mas como resultado das trocas normais de um relacionamento.
Quando nos relacionamos em sociedade, no trabalho, num namoro ou casamento buscamos que os outros nos complementem em nossas faltas básicas. Podemos, nesse sentido, entregar para o outro o fruto de nossos dons que podem cobrir a falta do outro, e o outro, da mesma forma conosco, tornando a vida mais feliz. Um exemplo simples seria um casal em que um é desorganizado e decidido, e o outro, organizado e indeciso. Juntando tudo, temos um bom casal, desde que haja respeito mútuo em relação às diferenças. Nesse caso, pode aparecer a gratidão.
 O invejoso não consegue isso, pois no caso do casal acima, não poderia haver troca. Caso o desorganizado seja o invejoso, esse procurará usufruir da organização do outro sem nada entregar em troca. E em uma ocasião muito comum, ele procurará exigir mais do que o outro pode dar. A partir daí ele pode anular tudo o que o outro tem de bom. Essas relações desagregam.
O mundo é um farto banquete a nossa disposição. Quando não conseguimos usufruir dessas coisas boas, a inveja muitas vezes é a vilã dessa situação.
Para finalizar, eis um soneto de Machado de Assis, Círculo Vicioso:

Bailando no ar, gemia inquieto vaga-lume:
- Quem me dera que fosse aquela loura estrela,
que arde no eterno azul, como uma eterna vela!
Mas a estrela, fitando a lua, com ciúme:

- Pudesse eu copiar o transparente lume,
que, da grega coluna à gótica janela,
contemplou, suspirosa, a fronte amada e bela!
Mas a lua, fitando o sol, com azedume:

- Mísera! Tivesse eu aquela enorme, aquela
claridade imortal, que toda a luz resume!
Mas o sol, inclinando a rutila capela:

- Pesa-me esta brilhante aureola de nume...
Enfara-me esta azul e desmedida umbela...
Porque não nasci eu um simples vaga-lume?

segunda-feira, 28 de novembro de 2011

SE PERSISTIREM OS SINTOMAS, CONSULTE UM PSICANALISTA




Fani Hisgail

Numa sociedade em que o cidadão é monitorado por “olhos eletrônicos”, faróis inteligentes, câmeras digitais, numa constante sensação de paranóia implícita, o resultado não pode ser dos melhores.
 Quando a vida pessoal se transforma num inferno particular, o mal-estar crônico adquire novas formas sintomáticas e a ansiedade toma conta.
 Neste momento, o que se recomenda é procurar ajuda profissional. Se for um médico ou psiquiatra, a terapia medicamentosa estará ao alcance das mãos, mas se a opção fosse um psicanalista, a terapia baseada na palavra faria o sujeito falar do seu sofrimento.
 A prática clínica consiste em fazer o paciente contar sobre quem ele pensa que é e como ele se apresenta para si e para quem o escuta. Como enfatizava Jacques Lacan, o analista age menos pelo que diz e faz do que por aquilo que é.
 Significa que este exerce essa função somente quando houver alguém que lhe demande neste lugar. Entre quatro paredes e um divã, o analista se pergunta: O que ele quer de mim? A cura ou o apego ao sintoma? Quem ele pensa que sou, quando diz isso?
 Em outras palavras, o analista funciona como arrimo das representações inconscientes com as quais o paciente dialoga e lida sem saber ao certo que isso acontece na transferência. A associação livre, regra fundamental do tratamento, opera mudanças quando o discurso faz um novo sentido, redefinindo o modo de escutar a própria história.
 Quem não deseja falar de si para alguém? Ainda mais, quando as relações são vividas como superficiais, passageiras e vazias. Na era da comunicação móvel, o diálogo não é mais dialógico, é atravessado pelas lentes das tecnologias digitais criando uma profusão de sentidos díspares.

Para os mais jovens, as novas mídias e as redes sociais digitais (facebook, twitter, blogs) são fatos consumados: por meio destas tecnologias que a vida rola solta.
 Alguns analistas acompanham a tendência e postam páginas no facebook, enquanto outros são seguidos no twitter ou nos blogs inteligentes e criativos sobre temas do cotidiano.
 Estes eventos demonstram que a sociabilidade em rede, onde o virtual e o real são vivenciados como sendo a mesma coisa, chegou para ficar e apresenta dinâmicas nunca antes cogitadas, enquanto a energia se sustentar, pois na falta dá-se o caos.
 Algumas situações que ocorrem hoje em sessões de análise confirmam como a cultura digital faz parte da produção do inconsciente.
 Os analisantes se valem do torpedo para mandar mensagens ao psicanalista como: “estou a caminho”, “desculpe, mas não poderei ir”, “podemos mudar a sessão?” ou, quando não desligam o celular e dizem: “desculpe, mas preciso atender” ou “vou desligar o aparelho”.
 Outro fenômeno interessante é quando o paciente, para ser o mais fiel em seu discurso, lê o que o outro lhe escreveu no celular.
 Sob esta perspectiva, as linguagens apresentadas sob os diferentes suportes – tablets, smartphones, laptops – compõem um aspecto da transferência de saber que a psicanálise atual deve conhecer e manejar.
 Segundo a semioticista Lucia Santaella, “estamos vivendo a transição entre um modelo de acesso restrito à informação para um modelo aberto e livre, no qual a informação se espalha por todas as superfícies e ambientes”.

 Com essa constatação, fica-se mais exposto ao meio; porém, isto poderia prejudicar as análises? Ou, quanto mais o psicanalista parecer como um de nós, menor seria a idealização que gira em torno dele?
 No passado, havia uma idéia de que o paciente não podia ter acesso à vida privada do analista, ao ponto de se produzir enormes resistências ao tratamento, se algo fosse revelado da sua intimidade.
 O constrangimento maior era encontrá-lo em ambientes comuns e não saber o que fazer: cumprimentar, ignorar ou se esconder. Naquelas épocas, as análises eram restritas apenas à elite que podia pagar por elas, e os profissionais, todos de formação médica.
 Tudo isso mudou! Hoje, os psicanalistas são psicólogos em grande maioria, e a psicanálise tornou-se conhecida e mais acessível. Desperta curiosidade, desejo de conhecer e experimentar; é assunto freqüente, tanto na mídia, quanto nas pesquisas acadêmicas.
 Em público, diversos analistas emitem opiniões, participam de entrevistas e debates sobre temas da própria práxis.
 Apesar de tantas informações, as pessoas têm dificuldade de diferenciar psicoterapeuta, psicólogo, psicanalista e psiquiatra, ainda que se tenha confiança de serem profissionais que cuidam da “cabeça”, da “mente”, do “subconsciente”, do “psicológico” e do “comportamento”.
 As pessoas chegam aos consultórios com pesquisas feitas no Google sobre o remédio que estão tomando ou sobre o sintoma favorito, resultando em informações fragmentadas sobre a matéria. Não são poucas as medicadas indiscriminadamente; mais por médicos generalistas do que por psiquiatras.
 Com notável sucesso de vendas e com o aumento de usuários das “tarjas pretas”, o perfil do consumidor interessou as agências de publicidade, com os remédios apresentados na propaganda como produtos de primeira necessidade.

 Não é para menos, quem ficou dependente de ansiolíticos e/ou antidepressivos, para poder se livrar deles, precisa tomar outra pílula que anula o efeito da anterior, e assim por diante.
 É preciso um coquetel de pílulas para um coquetel de sintomas, deixando como rastro o insone que erra nas noites mal dormidas. Quem já passou por isso se reconhece quando alguém diz, ao chegar ao trabalho: “Cara, não agüentei e tomei um Dramin, e agora não consigo parar em pé”.
 A ausência de sono que afeta tanta gente, seja esta breve ou prolongada, é de tirar do sério. Para muitos, o uso constante das gotas de Rivotríl é mais eficaz do que contar carneirinhos. Pois é: até para nanar, é preciso se dopar!
 Localizado no sono REM, o sonho é suprimido pela ação da droga, e não há nada menos salutar do que deixar de sonhar, sem lembrar nada para contar. Perde-se uma parte de si, um detalhe do mundo anímico que faz coro com o autoconhecimento e a dimensão subjetiva do desejo.
 O inconsciente, patrimônio freudiano, nada tem a ver com o sistema nervoso central ou periférico. Mas, quando não podemos evitar que algumas fórmulas de compromisso caduquem com o passar do tempo, inviabilizando a felicidade e a tranquilidade, talvez seja o momento exato para começar uma análise.
 Os seres humanos são complicados, melhor dizendo, complexos. Soltos no mundo, desde crianças, temos de responder, como adultos, aos desafios da vida, antes reais do que virtuais. E o fato de sermos falantes, sexuados e mortais, isso não tem remédio. Independente dos meios eletrônicos, a cura pela palavra mantém seu prestígio, com mais de um século de sucesso em cartaz.


Texto de FANI HISGAIL - psicanalista e doutora em Comunicação e Semiótica pela PUC/SP e autora do livro “Pedofilia, Um Estudo Psicanalítico” (Ed. Iluminuras, 2007). 


Fonte das imagens: GOOGLE
Texto extraido de: PONTO LACANIANO


 

terça-feira, 25 de outubro de 2011

É PRECISO UM POUCO DE TRISTEZA

– Rubem Alves


TRISTEZA É PARTE DA VIDA. ELA É A REAÇÃO NATURAL DA ALMA DIANTE DA PERDA DE ALGO QUE SE AMA. A PERDA DA BELEZA EFÊMERA DAS CORES QUE VÃO MERGULHANDO NO TRISTE CREPÚSCULO




Você, que diz que, se pudesse, trocaria seu nome por melancolia, você me pergunta sobre as razões da tristeza. Me pergunta mais: sobre as razões pelas quais há pessoas que se emocionam com coisas pequenas – as outras nem ligam e até riem da sua sensibilidade, o que lhe dá uma tristeza ainda maior, a tristeza da solidão.

Olhe, há tristezas de dois tipos. Primeiro, são as tristezas diurnas, quando o mundo está iluminado pelo sol. Tristezas para as quais há razões. Fico triste porque o meu cãozinho morreu, porque meu filho está doente, porque crianças esfarrapadas e magras me pedem uma moedinha no semáforo, porque o amor se desfez. Para essas tristezas há razões. Quem não sente essas tristezas está doente e precisaria de terapia para aprender a ficar triste. O mundo está luminoso e claro – mas há algo, uma perda, que faz tudo ficar triste.

Segundo, são as tristezas de crepúsculo. O crepúsculo é triste, naturalmente. Não, não há perda nenhuma. Tudo está certo. Não há razões para ficar triste. A despeito disso, no crepúsculo a gente fica. Talvez porque o crepúsculo seja uma metáfora do que é a vida: a beleza efêmera das cores que vão mergulhando no escuro da noite.

A alma é um cenário. Por vezes, ela é como uma manhã brilhante e fresca, inundada de alegria. Por vezes, ela é como um pôr de sol, triste e nostálgico. A vida é assim. Mas, se é manhã brilhante o tempo todo, alguma coisa está errada. Tristeza é preciso. A tristeza torna as pessoas mais ternas. Se é crepúsculo o tempo todo, alguma coisa não está bem. Alegria é preciso. Alegria é a chama que dá vontade de viver.

Eu acho que essa tristeza crepuscular é mais que uma perturbação psicológica. Acho que ela tem a ver com a sensibilidade perante a dimensão trágica da vida. A vida é trágica porque tudo o que a gente ama vai mergulhando no rio do tempo.
“Tudo flui, nada permanece.”  A vida é feita de perdas. Fiquei comovido, dias atrás, vendo fotos dos meus filhos quando eles eram meninos. Aquele tempo passou. Aquela alegria mergulhou no rio do tempo. Não volta mais. Há, assim, um trágico que não está ligado a eventos trágicos. Está ligado à realidade da própria vida. Tudo o que amamos, tudo que é belo, passa.

Mas é precisamente desse sentimento que surge uma coisa maravilhosa, motivo de riqueza espiritual: a arte. Os artistas são feiticeiros que tentam paralisar o crepúsculo. Eternizar o efêmero. Todas as vezes que ouço aquela música ou leio aquele poema, o passado ressuscita. A beleza da arte nasce da tristeza. Se não houvesse tristeza, não haveria arte. Diz o Jobim: “Assim como o poeta só é grande se sofrer...” Certo. Sem tristeza não haveria Cecília, Adélia, Pessoa, Chico, Beethoven, Chopin. A obra de arte ou é para exprimir ou para curar o sofrimento.

Mas há limite. É preciso que a tristeza seja temperada com alegria. Tristeza, só, é muito perigoso. As pessoas começam a desejar morrer. Essa é a razão por que os deprimidos querem dormir o tempo todo. O dormir é uma morte reversível.

Quando a gente está com dor de cabeça, toma aspirina sem vergonha alguma. Quando a gente está com dor de alma, tristeza, algum remédio é preciso – para não querer morrer, para voltar a ter alegria.

Uma ajuda para a tristeza é conversar. Para isso é preciso ter alguém que escute, que entenda a tristeza. Muitas pessoas procuram terapia para isso: não porque sejam doentes mentais, mas porque precisam compartilhar sua tristeza com alguém que conheça a luz crepuscular.


Fonte: Revista Psique Ciência & Vida - Ano VI, nº 70
Imagens: GOOGLE



sexta-feira, 21 de outubro de 2011

Da neurose de ontem ao narcisismo de hoje


A terapia pela palavra está em pleno desenvolvimento no Brasil, na avaliação de Plinio Luiz Kouznetz Montagna, diretor-presidente da Sociedade Brasileira de Psicanálise de São Paulo. Nesta entrevista, ele diz que o maior desafio da psicanálise, hoje, são as fobias, a síndrome do pânico e outros "transtornos narcísicos"

Psicanalista Plinio Montagna na sede da Sociedade Brasileira de Psicanálise em São Paulo



Neste mês de reflexão --já que a entidade celebra 60 anos de filiação à IPA (International Psychoanalytical Association)--, o psicanalista diz que esse campo está em plena fase de desenvolvimento. Ele conta como um método demorado, profundo e caro sobrevive neste mundo imediatista, em que remédios se colocam como alternativa à conversa terapêutica. 

Folha - Como o senhor define a psicanálise hoje?
Plinio Luiz Kouznetz Montagna - Ela atua em vertentes interligadas: é tratamento clínico; método de pesquisa sobre o ser humano e teoria do funcionamento da mente que permite generalizações. Ocorre que pensar a clínica permite pensar a cultura e essa conexão com artes e filosofia se mantém. É um campo de saber em desenvolvimento, não está fechada, progride com fluxos e refluxos. Na IPA convivem 12 mil psicanalistas do mundo, de tendências diferentes.

E muitas divergências, não?
Quando Freud era vivo, era ele quem dizia: isto é e isto não é psicanálise. Depois que morreu, ficou mais difícil. Enquanto os grandes mestres do século 20 (Winnicott, Klein, Lacan) estavam vivos, as pessoas seguiam uma linha. Hoje, a tendência é depurar as contribuições de cada autor e articular uma conversa entre eles. Não para integrar, pois as diferenças existem mesmo. Na década de 1980, tantas correntes nos fizeram questionar o que há de comum na psicanálise. Concordamos sobre três pontos: nosso objeto é o inconsciente; a importância da transferência e da contratransferência e a noção de que o passado deve ficar no passado.

Como isso se traduz no consultório?
O que diferencia a psicanálise de outras psicoterapias é o jogo transferencial. Para produzir uma mudança, o que adianta é fazer o problema emergir aqui e agora, na relação com o analista, de modo que seja possível trabalhar com ele. O analista é como uma tela em que o paciente projeta imagens. O complicador é que o analista não é uma tela em branco. Levamos em conta a contratransferência, a relação do profissional com seu paciente: inclui as dificuldades dele, pontos cegos que o impedem de escutar. O trabalho não se restringe a ouvir o relato, o analista escuta inconsciente.

O método nasceu como uma cura pela fala. Essa conversa pode ficar muito racional?
A racionalização não é análise e sim a tentativa de evitá-la. Essa defesa pode surgir tanto do paciente quanto do analista, porque o contato emocional gera turbulência. As resistências fazem parte, porém, o cerne da psicanálise é o encontro, e ele só ocorre quando se vai além das defesas. Por isso temos de saber manejá-las.

E quanto ao passado? Muita gente acha que psicanálise é ficar falando de traumas da infância.
Psicanálise não é "falar sobre". A transferência é uma espécie de atualização do passado com o objetivo de permitir que o presente se instale. A análise permite que o passado fique no passado e a pessoa viva no presente. Essa é a libertação.

Aqui no Brasil, a psicanálise avança ou recua?
Nos anos 50 e 60 houve implantação e expansão, depois teve um momento em que as terapias corporais e o psicodrama estavam em destaque. Por um período, os analistas se recolheram nos consultórios. A clínica continua sendo fundamental, mas hoje vivemos um florescimento para além dela, um momento de grande inserção social. Na Sociedade, há grupos ocupados com atendimento à comunidade, psicanalistas que dão suporte a uma ONG que trabalha com meninos de rua, sem falar na atuação em hospitais. Os analistas também atuam cada vez mais no setor jurídico, trabalhando como mediadores e peritos em questões de família, divórcio, guarda de filhos. E podem contribuir muito graças à visão global que têm de situações complexas como interdição, brigas, drogadição, violência doméstica etc.

Como a técnica responde às patologias contemporâneas?
Esse é o grande desafio atual: lidar com fobias, pânico, transtorno bipolar, borderline, os chamados estados narcísicos. Todas essas patologias têm em comum o fato de serem estruturas arcaicas [criadas no início da vida, antes da linguagem e do amadurecimento da psique], ou seja: se instalam antes do mecanismo de repressão. Na neurose, a repressão já está instalada, existem os conflitos psíquicos e, nessa etapa, é possível simbolizar o sofrimento. No caso do pânico, por exemplo, não existe nem esse conflito. Imagine o medo tentando entrar na mente. Sem a parede da censura para barrá-lo, ele a invade. E, como na estrutura arcaica não há possibilidade de simbolização, o que costuma ocorrer são dores e outras manifestações corporais. Os psicanalistas hoje se debruçam sobre esses fenômenos. A Sociedade tem equipes de estudos de fibromialgia, dores crônicas, psicossomática. Há membros da Sociedade pesquisando conexões entre dor física e psíquica.

O senhor é psicanalista e psiquiatra, e há um embate entre essas áreas. O que acha da oferta de remédios que prometem alívio rápido?
O avanço da psicofarmacologia permitiu medicações mais eficientes e com menos efeitos colaterais. Por outro lado, é avassaladora a quantidade de dinheiro investido na indústria de remédios, não só no desenvolvimento científico, e sim na propaganda. A promessa de “felicidade química” surgiu na década de 80, com o Prozac. Foi questão de tempo para todos descobrirem que não existe pílula de felicidade. Aliás, a psicanálise também não traz felicidade. Nem promete. A psiquiatria clássica perdeu o contato com o ser humano, tenta encaixá-lo numa lista de sintomas pré-estabelecidos. O resultado é que muitos psiquiatras diagnosticam a tristeza como depressão. Isso é um desvio, não é o caso de se medicalizar tudo.

É possível medir os resultados de uma análise?
A psicanálise promove transformações significativas. Existe um grupo em Boston que está pesquisando mudanças psíquicas. Esse grupo estudou pessoas que consideravam que suas análises tinham sido bem-sucedidas. Elas destacaram a vivência de uma comunicação profunda com seus analistas e "insights" que alteraram a percepção de si e das situações. Comparo os "insights" da análise ao sistema olfativo: sentir um aroma novo não significa só adicioná-lo ao repertório conhecido, e sim alterar o circuito de tal modo que, a partir daí, o próximo odor será recebido de forma diferente, porque toda a estrutura do arquivo foi modificada.

Por que a profissão não é reconhecida pelo Ministério da Educação?
Na década de 50, foi oferecido à SBPSP a possibilidade de se oficializar a profissão e a formação, mas esse caminho não foi adotado. Na minha opinião, por um erro de cálculo, mas nem todos concordam comigo. Muitos acham que não é o Estado que tem que reconhecer nossa profissão, e sim as próprias instituições psicanalíticas.


Fonte: A FOLHA – Setembro / 2011

Colaboração de Déborah de Paula Souza para A FOLHA
Déborah de Paula Souza é jornalista com formação em psicanálise


quarta-feira, 19 de outubro de 2011

ENQUETE: para que serve a psicanálise?



Investigar, tratar e diminuir as dores são as razões de ser desse método.

Veja as definições dos profissionais ouvidos pela reportagem.


"Serve para diminuir ao mínimo possível o sofrimento neurótico e o sofrimento banal, ou seja, reduzi-los ao que é totalmente inevitável; serve para tentar reorientar ou desorientar a vida da gente -- desorientar é uma maneira de orientar! Enfim, serve para tornar a experiência cotidiana muito mais interessante. Pensando bem, quase tudo se inclui nessas três coisas"
Contardo Calligaris
Psicanalista e colunista da Folha



"A psicanálise é um método de investigação do modo de funcionar da mente que, bem-sucedido, tem como consequências um desenvolvimento maior da personalidade e proporcionar condições de bem-estar mental. Para que serve? Eu poderia perguntar: para que serve existir? A utilidade da psicanálise compartilha com o sentido de nossa própria existência"
Luiz Tenório Oliveira Lima
Psicanalista e professor



"Tratar das dores da alma. E é um processo tão longo para diluir a dor quanto foi para implantá-la. A substância com a qual a psicanálise lida não obedece às leis da mecânica. Não tratamos de matéria, não tratamos de concretudes: são dores da alma, substâncias de outra categoria"
Anna Veronica Mautner
Psicanalista e colunista da Folha



"Serve para possibilitar que a pessoa suporte viver a pós-modernidade. Saímos de uma sociedade que estabelecia claramente os certos e os errados. O homem atual se apavora frente a essa liberdade e se esconde atrás das fórmulas prontas de viver. Nesse contexto, a psicanálise vai na contracorrente da ideologia de que tudo tem remédio, dos livros de autoajuda e das neorreligiões. Ela transforma a angústia paralisante do homem frente à liberdade responsável das opções em uma ação criativa"
Jorge Forbes
Psicanalista e psiquiatra



"O objetivo da psicanálise é libertar o paciente de seus sintomas e de seus problemas. Acima de tudo, é um método curativo, além de ajudar a transformar o paciente em alguém mais adaptado à sua realidade e aumentar a sua inteligência emocional"
Juan-David Nasio
Psicanalista, diretor dos Seminários Psicanalíticos de Paris 



Fonte: Folha de São Paulo - Setembro 2011

domingo, 11 de setembro de 2011

Afinal, o que é psicanálise?

  
Flávia Albuquerque

Muitas pessoas questionam o que seria uma psicanálise. Achei importante elaborar uma tentativa de esclarecimento.
Psicanálise é um tratamento desenvolvido por Freud a partir da sua descoberta do inconsciente. Consiste em uma escuta investigativa do sujeito no seu sofrimento. É importante sublinhar que simplesmente querer abolir este sofrimento ou mesmo conseguir arranjar uma forma de exterminá-lo não basta para por fim à questão. O melhor caminho é elaborar um saber a respeito de como aquele sujeito se constituiu. Ou, no caso de psicanálise com crianças e adolescente, em como essa constituição está se dando.
Uma pessoa nasce inserida em um contexto familiar com suas particularidades. Nenhuma pessoa é igual a outra. A escuta analítica se dá no caso a caso.
O lugar do sujeito no desejo dos pais, o nome recebido, a dinâmica dessa família, a idade que o sujeito tinha quando certos eventos ocorreram, a relação parental, – entre outros detalhes – são reveladores para tomar conhecimento de que posição o sujeito se coloca frente ao outro e aos acontecimentos da vida. A partir destes detalhes, o sujeito constrói um certo ‘discurso inconsciente’. Discurso este que o analista está apto a escutar e devolver, em forma de intervenções, ao sujeito que o busca.
A escolha da profissão, dos parceiros amorosos e decisões tomadas estão intimamente ligadas a todo este contexto.
Psicanálise é longa? Sim. Uma análise levada a sério é longa, o que não quer dizer que os efeitos sejam demorados. É preciso levar em conta que o sujeito continua vivendo e encarando assim tantos outros eventos que são importantes serem trabalhados.
Psicanálise é cara? Sim. Mas não quer dizer que o menos favorecido não possa se submeter a uma análise. É cara para cada um a sua maneira.
Psicanálise é dolorida? Também. Afinal, se dar o trabalho de se questionar não é nada fácil. Vale lembrar que um sujeito sem sofrimento não existe. É mito. Convivemos diariamente com o que chamamos de “dor de existir”. O fundamental é que um sujeito que frequente ou já tenha frequentado um psicanalista e tenha minimamente sido avisado da existência e do funcionamento do inconsciente passa a ter uma atitude transformadora perante a vida.
No senso comum o termo psicanálise é muitas vezes confundido com psicologia (psicoterapia) e psiquiatria. E a verdade é que são 3 atuações radicalmente diferentes. O que expliquei acima se trata de psicanálise. Quanto às outras atuações um psicólogo (psicoterapeuta) e um psiquiatra podem ser buscados para esclarecê-las.


Texto de Flávia Albuquerque - Psicanalista / RJ

terça-feira, 2 de agosto de 2011

POR QUE É TÃO DIFÍCIL LIDAR COM A ANSIEDADE



“O importante e bonito do mundo é isso: que as pessoas não estão sempre iguais, ainda não foram terminadas, mas que elas vão sempre mudando. Afinam e desafinam.”
– Guimarães Rosa



 Sentir nervosismo, ansiedade, medo, pânico, fobias… Essas são, de fato, emoções perturbadoras. Todos nós, em algum momento, sentimos nervosismo, medo ou preocupação, o que é algo normal, principalmente quando se refere a uma apresentação em público, passível de erros. Todavia, se tais emoções se tornam muito freqüentes, a ponto de atrapalhar nosso desempenho nas atividades, algo errado está acontecendo.
Em um conceito generalizado, definimos nervosismo como ansiedade. E, afinal, o que é ansiedade? A ansiedade faz parte de nós e age em serviço do nosso mecanismo de proteção. Sua tarefa é sinalizar que algum perigo está em iminência. Esse perigo pode ser externo ou interno. O perigo interno é muito mais difícil de ser detectado por referir-se ao mundo inconsciente, área de atuação da Psicanálise. Situações novas ou inesperadas acionam o medo. Fisicamente, a ansiedade e o medo se manifestam em forma de sudorese, taquicardia, respiração acelerada, dores pelo corpo, etc.
Nós, humanos, temos algumas necessidades básicas para um bom desenvolvimento, dentre elas, a necessidade de sermos reconhecidos em nossas habilidades e a necessidade de aprovação. Expor-se em público traz a tona essas necessidades, no entanto, existe o risco de não ser aceito ou não ser aprovado. Este último representa um grande perigo, o da rejeição, resultando em muita ansiedade e muito medo. Vale destacar que esse processo ocorre de forma inconsciente, ou seja, as pessoas não têm conhecimento destes mecanismos.


Aprofundando um pouco mais no conceito de ansiedade, para a Psicanálise, a ansiedade representa um sinal da presença de perigo no inconsciente. É percebida como resultado do conflito psíquico entre desejos inconscientes sexuais ou agressivos com as ameaças advindas do superego (censura, moral...) e da realidade externa. Em resposta a este sinal, o ego (o “eu” organizador em contato com a realidade externa) movimenta mecanismos de defesa para evitar que pensamentos e sentimentos inconscientes inaceitáveis emirjam para a percepção consciente.
Entretanto, além das questões envolvidas com os conflitos inconscientes de ordem sexual, há fatores estressores que podem desencadear uma série de emoções geradoras de ansiedade, como no caso da morte de um dos pais e/ou de pessoas muito próximas, a separação, a crítica e a humilhação, a violência, etc.
A bem da verdade, falar de ansiedade também é falar de algo que vai além do real: é falar de algo que tramita o campo da fantasia. Temos fantasias porque temos desejos que nos agitam no mais profundo de nós mesmos e queremos que tais desejos se satisfaçam imediatamente, sem levar em consideração a realidade. A fantasia é a forma que usamos para satisfazer inconscientemente o desejo (sexual ou agressivo). É uma curta cena dramática e muito rápida que se repete sem nunca ser nitidamente notada pela consciência. É, portanto, uma cena que não vemos mentalmente, cujos efeitos sentimos emocionalmente, sem saber que é a causa de nossas emoções.
Lidar com a ansiedade é algo particular de cada indivíduo: alguns se saem bem, outros não. Esses podem desenvolver até mesmo uma fobia social, o medo de eventos sociais como festas, encontros ou apresentações. Em uma dimensão mais crônica, podem até mesmo serem vítimas da síndrome do pânico.

 É importante que se procure ajuda profissional assim que surgirem, de forma insistente, os sintomas da ansiedade. Com o tratamento adequado, as pessoas poderão resgatar o controle de suas vidas, agregar qualidade a ela, elevar a autoestima, sem medo de errar e, se errar, compreender que não há problema nisso pois faz parte do universo humano. Além disso, por meio de um processo de psicoterapia psicanalítica, as pessoas poderão entrar em contato com algumas de suas fantasias a fim de lidar com suas emoções e, desta forma, encontrar a liberdade de pensamento.


Texto:
Renne dos Santos Nunes
Psicólogo


Fonte das imagens: GOOGLE


quinta-feira, 14 de julho de 2011

A DOR PSÍQUICA DE AMAR...


“A dor é um afeto que reflete na consciência as variações extremas da tensão inconsciente, variações que escapam ao princípio de prazer.”
– Nasio



Dor desmedida. Dor do nada, sem causa aparente. Dor de existir, que se reproduz de um vazio que clama em vão por uma palavra que possa simbolizá-la ou significá-la. Dor obscura, sem limites, cujo sentido está velado para aquele que a sente. Enquanto que para alguns é possível fazer um trabalho de luto, reconhecendo seu objeto de perda, trabalhando ou amenizando sua dor, para outros parece que isso é impraticável. Por não saberem exatamente o que perderam, entram no mundo obscuro e enigmático da melancolia.
Diferentemente da dor corporal em consequência de um ferimento, a dor psíquica acontece sem agressão aos tecidos, isto é, sua causa não se encontra na carne, mas na relação, no laço que há entre quem ama e seu objeto amado. Desta forma, define-se como dor psíquica, ou dor de amar, o afeto resultante da ruptura brutal do laço que nos liga ao ser ou à coisa amada. Tal separação brusca gera dor pela perda do objeto que é, neste momento, igualmente amado, odiado e angustiante.

Quanto mais se ama, mais se sofre. Perder o ser amado ou o seu amor dói tanto que leva a pessoa a mergulhar-se em seu desespero. A maior ameaça ao nosso sofrimento provém das nossas relações com os seres humanos. Atualmente, cada vez mais as pessoas se envolvem em relações vazias, quando não, muito intensas e efêmeras. A globalização está provocando uma transformação nas convivências, dissipando o aprofundamento das relações e gerando o isolamento das massas.
Com tanta instabilidade nas relações e com tantas relações frustradas, a dor psíquica se mantém em um movimento contínuo que leva a pessoa a seu esgotamento por se manter ocupada em amar desesperadamente a imagem do amado perdido. O sofrimento, na verdade, ocorre por se romper com a energia investida no objeto amado como sua fonte de satisfação, pois é no outro que depositamos nossas expectativas de felicidade. Entretanto, o conjunto de sentimentos que experimentamos pelo objeto ou pessoa amados são, decisivamente, determinados pela fantasia. Só captamos a realidade através da lente deformante da fantasia. Só a olhamos, escutamos, sentimos ou tocamos envolvidos no véu tecido pelas imagens nascidas da fusão complexa entre a imagem do outro e a imagem de nós mesmos.
A dor é uma experiência de solidão, mas é igualmente um apelo ao outro. Quando esse outro intervém, há um alívio na dor; ela se transforma em sofrimento. Ou seja, no sofrimento há a mediação do outro que alivia a dor. E o outro se faz presente pelo seu olhar que deseja, reconhece e ama. Penso que este é o meio mais humano de que dispomos para aprender a conviver com a dor, para além dos meios que a medicina moderna felizmente nos oferece. Quando se aprende a conviver com a dor, é a sua transformação em sofrimento que ajuda a consolar.
A dor e o sofrimento fazem parte de todos os seres humanos. Buscar alternativas de vida mais felizes, nem que seja na Lua, é o que torna a vida com sentido e o que nos leva a realizar os nossos sonhos. Os grandes feitos da humanidade e de cada indivíduo concretizam-se a partir da capacidade que se tem de sonhá-los e, consequentemente, realizá-los diante das condições da realidade, mesmo que isso nos provoque dor e sofrimento. A verdade é que viver intensamente é experimentar a alegria e a dor. A dor é a prova que nosso corpo é psíquico!


Texto:
Renne dos Santos Nunes
Psicólogo


Fonte das imagens: GOOGLE